quinta-feira, 24 de setembro de 2009

JOGOS HISTÓRICOS - continuação 05

Estudiantes de La Plata, campeão mundial de clubes


Em 1968, depois de conquistar sua primeira Libertadores, ao vencer a forte equipe brasileira do Palmeiras, o Estudiantes de La Plata, disputou o título mundial de clubes, contra a fortíssima equipe do Manchester United da Inglaterra, formado nada mais, nada menos, do que pela base da seleção inglesa, campeã mundial dois anos antes, na Copa de 1966.
O time inglês tido indiscutivelmente como o maior time europeu da época,contava com o goleiraço Bach, Bobby Charlton (maior da história da futebol inglês de todos os tempos), George Best, Law e Morgan. Todos, titulares absolutos daquela seleção inglesa e que colocava o Manchester indiscutivelmente como o maior time europeu da época.

O primeiro jogo das finais foi em "La Bombonera",estádio do Boca Juniors.
O Manchester não imaginou que tomaria naquele jogo uma pressão tão grande.
 O Estudiantes partiu para cima do time inglês e perdeu inúmeras chances, vencendo o confronto em casa apenas pelo placar de 1x0, gol de Conigliaro.
Vale ressaltar que o gol Pincha nasceu de uma jogada ensaiada e executada com êxito por aquela equipe.
O grande e revolucionário tecnico Osvaldo Zubeldia, além da concentração antes do jogo, "linha burra" de impedimento, inovou também na "bola parada" em cobranças de escanteio.
 Naquela época, quase todos os escanteios eram cobrados no "segundo pau".
Zubeldia ensaiou com grande exito o escanteio através de cobranças "fechadas", onde os dois jogadores inicialmente posicionados na pequena área, faziam o deslocamento em direção oposta a meta, confundindo os zagueiros e abriando espaço para a penetração do alto centroavante Conigliaro, que se deslocava, vindo de trás e se antecipava ao goleiro.
Foi exatamente assim que o Estudiantes de La Plata, conseguiu seu único gol, na vitória sobre o Manchester United por 1x0 na partida de ida.

Em virtude de inúmeros gols perdidos pelo Estudiantes em "La Bombonera", o Manchester acreditava que o título estava muito próximo, pois tinha quase que a certeza de que  conseguiriam impôr um placar elástico contra o "burocratico" time argentino, no jogo de volta na inglaterra.

Mesmo com o estádio inglês totalmente lotado, o Estudiantes, surpreendeu o Manchestar , ao abrir o placar com um gol que nasceu de mais uma jogada ensaiada por  Zubeldia e seus comandados.
O zagueiro Madero subiu ao ataque como se fosse um lateral esquerdo e pouco a frente do meio campo, alçou a bola na área para "La Bruja" Verón, que como homem surpresa,vindo de trás, mandou para a rede, abrindo o placar a favor da equipe pincharrata.
O gol de Verón para o Estudiantes, silenciou os  cerca de 63 mil torcedores ingleses que lotavam o Old Trafford.

O jogo se desenrolou de forma truncada, com o Estudiantes usando de toda a sua disciplina tática e experiência para assegurar o resultado.
 Aos 44 minutos do segundo tempo, Morgan empatou o jogo para os donos da casa.
Alguns minutos depois, o defensor da seleção argentina, Malbernat, disputou e perdeu a bola na lateral do campo, permitindo que o jogador inglês buscasse o cruzamento para a área da equipe argentina.
Quando Malbernat se levantou desesperado com sua falha defensiva,olhou para trás e viu os jogadores do Estudiantes comemorando o título mundial.
 O árbitro terminou a partida quando a bola cruzada pelo inglês ainda estava no ar.
O Estudiantes de La Plata, conquistava o seu primeiro título mundial de clubes,dentro de um Old Trafford lotado e contra um dos maiores times do mundo, o "dream time" inglês, do Manchester United.

Fonte: Gustavo Lopes Machado, torcedor e destacado pesquisador sobre a História do Estudiantes de La Plata.

JOGOS HISTÓRICOS - continuação 04

Copa Libertadores 2006 - Estudiantes 4 x 3 Sporting Cristal
Em, 21/02/06

Na Copa Libertadores de 2006, o Estudiantes de La Plata, deu uma grande demonstração de sua “mística qualificada”, ao vencer as 5 partidas que disputou em casa, todas sem exceção, com gols nos momentos finais dos jogos.
Um primeiro exemplo, foi a virada contra o Bolivar da Bolivia, com um gol de Pavone aos 46 minutos do segundo tempo, quando naquela altura do jogo, os Pinchas, estavam sendo eliminados.
Apesar de alguns bons jogadores como Pavone, Calderon, Braña e Ernesto Sosa, aquela equipe do Estudiantes era bem limitada no gol, na zaga e sem um destacado meio-campista que comandasse a equipe dentro de campo.
Angeleri por exemplo, estava em má fase e era “banco”.
Ainda assim, aquela equipe se superava pela raça e pela vontade de um grupo quase todo formado nas divisões de base do Estudiantes.
Seria o embrião da forte equipe montada no segundo semestre que acabou conquistando o Apertura 2006, tendo como principal nome, Juan Sebastian Verón, que em 5 de junho deixava a Internazionale de Milão e era apresentado em La Plata, para um contrato em princípio de 1 ano.
Pois bem, após perder na altitude da Bolívia para o Bolívar na estréia, o Estudiantes de La Plata, precisava de um resultado positivo a todo custo, na segunda rodada, contra o Sporting Cristal do Peru.
Jogando em casa, mas afobado por querer definir logo o jogo, o Estudiantes terminou o primeiro tempo perdendo por 3x0 para o limitado time peruano.
Mais inacreditavel do que este resultado adverso em plena La Plata, foi o comportamento da torcida pincharrata, que lotou o estádio do Quilmes, não parando de incentivar a equipe um único segundo sequer, mesmo vendo sua equipe perdendo em casa para uma equipe tecnicamente inferior.
No segundo tempo a mencionada “mística qualificada” prevaleceu.
O Estudiantes voltou motivado e confiando na virada aparentemente impossível.
Pouco a pouco a diferença no placar foi diminuindo.
Calderon fez 2 gols na primeira metade da segunda etapa.
Aos 35 minutos do segundo tempo, Pavone empatou a partida em 3 x 3.
E aos 45 minutos da etapa final, Luguercio fez o histórico gol da virada, para delirio da torcida pincharrata e mandando assim, um “claro recado” a toda América:

Em se tratando de Copa Libertadores da América, independentemente da condição técnica de momento, Estudiantes é Estudiantes!

Fonte: Gustavo Lopes Machado, torcedor e destacado pesquisador sobre a História do Estudiantes de La Plata.




"Sin grandes hombres en la cancha, ni dominio tactico y tecnico de la pelota, no hay como manifestar la mistica".

(Renato Zanata)

JOGOS HISTÓRICOS - continuação 03


Copa Libertadores de 1983 – Estudiantes 3 x 3 Gremio

Ficha técnica:

Estudiantes: Bertero; Camino,Aguero, Gette (Teves), Gugnali, M.A. Russo,Sabella, J.D. Ponce, Trama, Trobbiani E Gurrieri.
Técnico: Manera

Grêmio: Mazaropi, Paulo Roberto, Leandro, De Leon, Casemiro, China, Osvaldo,Tita, Renato, Caio (César), Tarciso (Tonho).
Técnico:Valdir Espinosa


Data: 08 De Julho De 1983
Cidade: La Plata
Estádio: Jorge Luis Hirschi
Juiz: L. Da Rosa (Uruguai), Ramón Barreto e Artemio Sension


Gols: Gurrieri aos 39min, Osvaldo aos 45 do 1ºtempo ; César aos 7, Renato aos 18, Gurrieri aos 31 e Gugnali aos 42 do 2º tempo.
Expulsões: Ponce e Trobbiani aos 33 do 1ºt; Camino aos 24 e Tevez aos 30 do 2ºt



Em 1983 o Estudiantes tinha um belíssimo time, que acabava de se tornar, Bi-campeão Argentino.
Este time possuía inúmeros jogadores de valor na Argentina,tais como:


"Tata" Brown, zagueiro autor do primeiro gol da Albiceleste na final da Copa de 1986 contra a Alemanha;o lateral Camino que também atuou muito pela seleção; o fantástico meio-campo formado por Miguel Angel Russo, Ponce (belo cobrador de faltas), Trombiani (também integrante da seleção Bi-campeã do mundo) e o atual tecnico do Estudiantes, Alejandro Sabella,meia habilidosíssimo e rápido que também integrou a Albiceleste,campeã mundial.

Estes grandes jogadores, eram comandados pelo ex-capitão de Zubeldia, Carlos Salvador Bilardo, que deu lugar ao técnico Manera, para assumir a seleção argentina, conquistando o título mundial em 1986 e o vice-campeonato de 1990.
Em 1983 o Estudiantes jogava a classificação a final da Libertadores contra o ótimo Grêmio de Renato Gaúcho e Cia.
Uma vitória em La Plata seria suficiente para a classificação a final, ou então, um empate em casa e a vitória na partida seguinte do triangular contra o América da Colômbia.

Aos 15 do segundo tempo a situação era a seguinte:


O Estudiantes perdia para o Grêmio em La Plata por 3x1.
O detalhe é que neste momento, o Estudiantes jogava com 4 jogadores a menos.


Exatamente. Quatro jogadores do Estudiantes haviam sido expulsos nesta partida (dois por reclamação) entre eles, os geniais meias, Ponce e Trombiani. Mesmo com nítida desvantagem no marcador e jogando com apenas 7 jogadores em campo, contra um Grêmio forte e completo, os “Pinchas” aliaram a boa técnica com uma garra incrível alimentada pela fantástica participação da torcida pincharrata, e chegou ao heróico empate em 3 x 3.
Este jogo entrou para a História da Libertadores da América e do futebol mundial, como uma das mais incríveis reações de uma equipe diante de um resultado adverso, com o agravante de estar numericamente muito inferiorizada com relação ao seu adversário.

Infelizmente, na partida seguinte contra o América da Colômbia, o Estudiantes acabou ficando fora da finalíssima, devido ao empate em 0x0, “culpa” em muito pela ausência dos meias de criação, Ponce e Trombiani, expulsos contra o Grêmio.


OBS: Renato Gaúcho diz que o Grêmio cedeu o empate para evitar problemas maiores na saída do estádio, devido a ameças (nunca provadas) feitas pré-jogo.


A verdade é que o Renato Gaúcho, criou o hábito de tentar desmerecer êxitos argentinos sobre os brasileiros, vide a entrevista que ele deu após a derrota da seleção brasileira para a Argentina na Copa de 1990.
 


Fonte: Gustavo Lopes Machado, torcedor e destacado pesquisador sobre a História do Estudiantes de La Plata.

JOGOS HISTÓRICOS - continuação 02

Final da Libertadores de 1968




As palavras de Perfumo a Bilardo na delegacia em meio as semi-finais daquela Libertadores de 68, se confirmaram, pois os “Leões de La Plata”, derrotaram o Palmeiras, conquistando sua primeira de 4 Libertadores. e meses depois, viriam a desbancar no mundial de clubes, o “poderoso” Manchester United, base da seleção inglesa campeã mundial em 1966.
Em La Plata o Estudiantes perdia por 1x0 para o Palmeiras até os 38 do segundo tempo.
Se a derrota se confirmasse, significaria seguramente a eliminação da equipe Platense da competição, uma vez que o segundo jogo seria realizado na casa do fortíssimo adversário brasileiro.
Entretanto, as 38 do segundo tempo, depois de muito pressionar durante a maior parte do jogo, brilhou o futebol e a estrela de Juan Ramon "la bruja" Véron.
Verón driblou 4 jogadores palmeirenses e igualou o marcador com um golaço. Minutos depois e mais um jogadaça de "la bruja" Veron o ponta direita, Bocha Flores virou a partida para delirio da torcida pincharrata.

Para se ter a idéia da dimensão para a História do Estudiantes,a importancia daquele golaço de “La Bruja” Verón, é que perder o título da Libertadores de 68, significaria não conquistar as duas Libertadores subseqüentes, pois as Libertadores seguintes os “Pinchas” participaram na condição de detentores daquele título de 68 e não como campeão argentino.

No jogo seguinte, em São Paulo, o Estudiantes perdeu para o palmeiras por 3x1, com 3 gols de Tupãzinho.
No jogo de desempate no Uruguai, quando muitos esperavam a conquista do título pelo time brasileiro que levavam vantagem no saldo de gols, o que se viu em Montevidéu foi o domínio completo da equipe Pincharrata, que venceu por 2x0 com um gol e mais uma bela atuação de "La Bruja" Véron, destacadamente o grande nome da partida.
O Estudiantes ganhava a primeira de uma fantástica série de 3 Libertadores consecutivas: 1968,1969 e 1970.

Fonte: Gustavo Lopes Machado, torcedor e destacado pesquisador sobre a História do Estudiantes de La Plata.

JOGOS HISTÓRICOS

A "mística Pincharrata"



Histórico clássico argentino na Libertadores de 1968


A História do Estudiantes de La Plata, é marcada por inúmeros jogos decisivos, onde as vitórias, conquistas e títulos foram conquistados nos últimos minutos, com jogadores a menos e/ou na casa de seus adversários.
Um bom primeiro exemplo disso, foi a marcante semifinal da Libertadores de 1968, quando o Estudiantes enfrentou o Racing Club de Avellaneda, que era na ocasião, simplesmente, o campeão Argentino e ainda sustentava os títulos da última Copa Libertadores e do Mundial Interclubes.
Nesta semifinal contra o Racing Club, a equipe Pincha perdeu por 2x0 em Avellaneda e ganhou por 3x0 em La Plata.
As agressões de lado a lado foram tantas nestes confrontos, que 2 jogadores pincharratas (Malbernat e Aguirre Suarez) e 2 do Racing (Incluindo Alfio Basile) foram presos e saíram algemados de campo direto para a delegacia.


Quando o capitão do Estudiantes Carlos Bilardo chegou a delegacia para visitar seus companheiros detidos, se deparou no corredor com o capitão do Racing, Perfumo( que jogou no Cruzeiro tempos depois).
Inicialmente pensando que ali a confusão iria recomeçar, Perfumo o surpreendeu ao aproximar-se dele e estendo-lhe a mão disse:


“Espero que vocês tenham a mesma sorte que nós no mundial interclubes”.

Naquele gesto de Perfumo, ficava caracterizada, que a “guerra” e a rivalidade se restringia apenas ao interior das 4 linhas.
A terceira partida contra o Racing Club de Avellaneda, realizada em campo neutro terminou em empate de 1x1, e assim, o Estudiantes avançou as finais, pelo maior saldo de gols nas 3 partidas.

Fonte: Gustavo Lopes Machado, torcedor e destacado pesquisador sobre a História do Estudiantes de La Plata.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Tri da Libertadores e o início do embate entre as escolas: Menotti x Bilardo


Equipe campeã da Libertadores em 1969.

No campeonato nacional o Estudiantes continuava com campanhas destacadas, no Metropolitando de 1968 foi novamente vice-campeão.
Após derrotar o Vélez Sarsfield nas semifinais foi derrotado na final no estádio Monumental pelo San Lorenzo por 2 x 1.
Em 13 de Fevereiro de 1969, o Estudiantes disputou e ganhou a Copa Interamericana contra o Toluca do México, jogando as partidas finais no Estádio Asteca na Cidade do México e em seu estádio em La Plata.
Entretanto, com curiosa vitória para os visitantes nas duas partidas e em ambas por 2x1, tornou-se necessário uma partida de desempate, realizada no estádio de Montevidéu, com vitória dos pincharratas por 3x0, dois gols de Marcos Conigliaro e outro de Eduardo Bocha Flores.
Outras duas vezes consecutivas o Estudiantes de La Plata, seria campeão da Libertadores.
Em 1969, foram necessários apenas dois jogos.
Na época, o campeão da última edição, se classificava direto à semifinal: o clube de La Plata, campeão em 1968, derrotou a Universidad Católica e depois o Nacional do Uruguai, onde jogavam os experientes Manga e Ancheta.


Em outubro, jogaram o mundial de clubes contra o Milan da Itália.
Perderam por 3x0 na Itália e tentaram vencer na base da pressão em La Bombonera.
A vitória por 2x1 não foi suficiente, para dar o título ao Estudiantes. O Milan foi campeão e as agressões desmedidas no campo de jogo levaram três jogadores pinchas - Poletti, Manera e Suárez – para a delegacia.


Em 1970, mais uma vez classificado direto às semifinais, o Estudiantes venceu o River e depois o Peñarol de Figueroa.
Só foi preciso um gol, marcado por de Togneri, no primeiro jogo e depois segurar um empate em 0 x 0 no estádio Centenário para que o Estudiantes de La Plata chegasse ao terceiro título consecutivo da Copa Libertadores da América.


Jogaram a Copa Intercontinental contra o Feyenoord da Holanda, empatando em 2x2 na Bombonera e perdendo por 1x0 no De Kuip, em Roterdã.
Em 1971, mais uma vez o Estudiantes chegaria à final do torneio continental, e novamente contra o Nacional de Montevidéu, perdendo por 2x0 num jogo de desempate em Lima no Peru, após vitórias de 1x0 para cada equipe quando jogaram em casa, nos chamados jogos de "ida e volta".
A partir desta maravilhosa época uma série de idéias e atitudes desenvolvidas pelo clube Estudiantes de La Plata, passaram a ser adotadas por várias equipes na Argentina e no Mundo, tais como:


- Concentração dias antes de um jogo (até então,novidade na América)


- Jogadas ensaiadas, inclusive com bola rolando, com subidas ao ataque do zagueiro Madero e do lateral Manera, o que era muito incomum naquela época.


- Estudo detalhado do adversário

-  Foi a primeira equipe a usar a linha de impedimento voluntariamente (famosa "linha burra")

A origem do embate entre "escola Menotti" x "escola Bilardo"


Muitos críticos de Zubeldia,acusavam sua equipe de praticar antifutebol, fazendo referência a supostas condutas antidesportivas de alguns jogadores, principalmente os defensores, que serviram de exemplo para um modelo de futebol baseado na disciplina tática e "jogo duro".


Desde então, calorosos debates sobre duas correntes futebolísticas distintas começaram a ganhar destaque na Argentina.
De um lado os defensores daquela Argentina campeã do mundo em 1978 com Menotti, adepta do estilo clássico mais ofensivo, e do outro, os fãs da equipe bicampeã do mundo em 86, tendo como treinador,Carlos Bilardo, um dos símbolos do Estudiantes de Zubeldía.
Depois de Don Osvaldo Zubeldia, Bilardo é a pessoa mais importante da historia do Estudiantes. Foi volante e capitão da equipe que ganhou "tudo" na decada de 60.
Bilardo foi o tecnico nos titulos de 80, o que o levou ao comando da seleção argentina.
Carlos Bilardo, retornou ao comando técnico do Estudiantes de La Plata 6 anos atrás, quando reestruturou a equipe e lancou as bases das recentes conquistas do clube.


Fonte: Gustavo Lopes Machado, torcedor e destacado pesquisador da história do Estudiantes de La Plata.

1968: A primeira Libertadores e o mundial de clubes na Inglaterra.





O Estudiantes, classificou-se para a Copa Libertadores de 1968 graças ao vice-campeotato no torneio Nacional, quando a equipe foi vice-campeã invicta, fato único até hoje na história do futebol argentino.


Neste ano os dois representantes argentinos dividiram o grupo com dois times da Colômbia.
O Estudiantes se classificou em primeiro e foi à segunda fase, jogando um triangular contra Independiente e Universitário do Peru.


Foi novamente primeiro colocado, indo às semifinais jogar contra o campeão do torneio anterior, o Racing Club de Avellaneda e vencendo-o no saldo de gols.
Consequiu assim a vaga para disputar o jogo final contra os brasileiros do Palmeiras de Ademir da Guia,Valdir, Dudu e Tupãzinho.
No primeiro jogo em La Plata o Palmeiras começara vencendo por 1x0 gol de Servílio, entretando o Estudiantes conseguiu uma virada sensacional, aos 38 do segundo tempo La Bruja "varreu" 4 defensores do time brasileiro e empatou a partida e aos 43 bocha Flores deu números finais ao jogo, 2x1 para o Estudiantes.
Na partida de volta a equipe brasileira venceu por 3x1 em São Paulo, levando a decisão para um jogo de desempate em Montevidéu.
A partida extra no Uruguai, terminou com vitória Pincha por 2x0, gols de Ribaudo e "La Bruja" Verón.


O Estudiantes de La Plata conquistava assim sua primeira Copa Libertadores da America.


O trabalho de Miguel Ignomiriello (diretor das categorias de base),Osvaldo Zubeldia (treinador),Jorge Kistenmacher (preparador físico) e Mariano Mangano (presidente), mostrava sua eficácia.

O histórico título do mundial de clubes em 1968, em plena Inglaterra.

Como campeões da América,o Estudiantes de La Plata estava credenciado para a disputa do mundial de clubes contra o campeão europeu, o Manchester United de Matt Busby, Bobby Charlton e George Best.


O primeiro jogo foi no caldeirão de La Bombonera.
O resultado foi 1x0 gol de Conigliaro.


Para conquistar o título, porém, era preciso viajar até Manchester e empatar no Old Trafford. Enojados pela atitude do argentino Antonio Rattín na Copa do Mundo da Inglaterra em 1966 (que ao protestar por sua expulsão, amassou uma bandeira britânica), vários torcedores ingleses receberam os jogadores argentinos com hostilidade semelhante à vista no jogo de ida na Argentina.
" Animals", "animals"...gritaram os ingleses para os platinos na sua entrada em campo.
Aos sete minutos, La Bruja Verón calaria a torcida britânica com uma cabeçada: Estudiantes saiu na frente, 1x0.
Morgan empataria no último minuto de jogo, mas o mundial pertencia ao clube pincharrata, que conquistava assim o maior campeonato de clubes do mundo.

Fonte: Gustavo Lopes Machado, torcedor e destacado pesquisador da história do Estudiantes de La Plata.












Zubeldia: Inovações táticas que conquistaram à América e o Mundo!

Em 15 de janeiro de 1965, firmou-se contrato com o técnico Osvaldo Zubeldia, com um único objetivo: Evitar que o Estudiantes de La Plata, corresse o risco de voltar a série B.


Qual a receita?
Falar pouco, trabalhar muito, viver para o futebol 24 horas dos seus 7 dias da semana e dar exemplo sempre.
Como não havia muito dinheiro foram contratados jogadores baratos como Carlos Bilardo, Enry Barale, Hugo Spadaro, Roberto Santiago e Marcos Conigliaro, unidos ao melhor do bom time de juniores vice-campeões nacionais em 1964, com Poletti, Aguirre Suárez, Malbernat, Manera, Pachamé, Echecopar, Eduardo Flores e Juan Ramon 'La Bruja' Verón.


Assim estava "escalada" a equipe que comoveu a historia do clube e do futebol argentino.


Em 1967, o Estudiantes de La Plata conquistaria o Campeonato Metropolitano, dando início a uma sequência de feitos gloriosos.
Foi o primeiro clube que não pertencia ao seleto grupo dos 5 maiores times da argentina como o Independiente, Racing, Boca Juniors, San Lorenzo e River Plate, a vencer um torneio oficial na era profissional do futebol argentino.


Nas semifinais a equipe de La Plata obteve uma virada incrível contra o Platense no campo do Boca.
Perdia por 3 a 1, e com um homem a menos devido a lesão de Barale, conseguiu vencer por 4 a 3 com gols de Conigliaro, Verón, Bilardo de voleio e Madero de penalti.
Tal conquista seria consolidada em 6 de agosto de 1967 com uma vitória sobre, o então campeão da Copa Libertadores da América, Racing Club por 3 x 0, com direito a um golaço de bicicleta de 'La Bruja" Véron.


Aquele Estudiantes de Zubeldia, cultuava a bola parada e cada jogada era ensaiada com obsessão, como por exemplo:
Linha de impedimento como recurso, a obediência tática e escanteios fechados.
Esta metodologia empregada por Zubeldía era revolucionária demais para uma época onde o futebol era invariavelmente ofensivo.
Zubeldia defendia a máxima: Defender primeiro, atacar, depois.
Tal comportamento despertava a crítica de inúmeras pessoas e Zubeldía defendia-se dizendo que atacava as certezas nunca comprovadas instaladas no imaginário popular.


"Dizem que nosso futebol é uma vergonha, que não deixamos o jogo acontecer, que perdíamos tempo.Talvez tenham alguma razão, porém é preciso esclarecer as coisas. Isto é um negócio e a única coisa que importa é ganhar".


(Osvaldo Zubeldia )


Além dos progressos e polêmicas quanto a tática implementados por Zubeldia, esta equipe era repleta de grandes valores, como a qualidade de um Alberto Poletti debaixo das traves, Eduardo Manera e Raúl Madero nas laterais, a combatividade de Bocha Flores e o talento diferenciado do ponta esquerda la Bruja Verón.
Vale ressaltar ainda, a vitalidade dos defensores Ramón Aguirre Suárez e Oscar Malbernat, a inteligência de Pachamé, as arrancadas de Felipe Ribaudo, o oportunismo de Marcos Conigliaro e, sobretudo, Carlos Bilardo que dentro do campo era o decodificador das mensagens de Zubelía e comandava sua equipe dentro das 4 linhas, ditando o ritmo das partidas a favor de seu clube. Com muito trabalho tático e bom futebol , o Estudiantes realizou façanhas históricas e chegou a glória.

Fonte: Gustavo Lopes Machado, torcedor e destacado pesquisador da história do Estudiantes de La Plata.








O técnico Osvaldo Zubeldia ao centro, na conquista histórica do tri campeonato da Copa Libertadores da América. A direita da foto, Carlos Bilardo.

O Profissionalismo

A estreia do Estudiantes de La Plata no futebol profissional argentino foi em 1º de junho de 1931, com uma vitória diante do Talleres por 3 a 0.

Nesta mesma partida Alberto Zozaya marca o primeiro gol da era profissional do futebol argentino.
Vale destacar que 1931 foi o início do profissionalismo dentro do futebol argentino.
Neste mesmo ano a linha de ataque do Estudiantes criou um recorde histórico: 103 gols em 34 jogos, sendo 16 a mais que o campeão Boca Juniors.
O Estudiantes de La Plata, ficou em terceiro lugar no campeonato com 44 pontos, logo atrás do San Lorenzo de Almagro com 45 e o Boca Juniors com 50 pontos.
Dos 5 já referidos geniais atacantes integrantes do quinteto “Los Professores”, apenas Scopelli foi oriundo das divisões de base da equipe.
Segundo ele o Estudiantes não foi campeão do primeiro torneio profissional por causa das más arbitragens.

O cérebro da equipe era Nolo Ferreira, chamado de el Piloto Olímpico, por ter ocupado o posto de atacante central nos Jogos Olímpicos de Verão no ano de 1928,em Amsterdam quando a Argentina terminou em segundo lugar.


Inteligente dentro de campo, era a referência de todos os seus companheiros. Dom Padilha e el Conejo ensaiavam combinações de jogo chamadas paredes.
Segundo Ferreira, Zozaya foi um dos melhores cabeceadores de todos os tempos.
Lauri era um ponteiro veloz com um cruzamento preciso e Guaita tinha grande arrancada e velocidade.
O Estudiantes nos 2 primeiros campeonatos profissionais ganhou 36 partidas, empatou 12 e perdeu 20. Marcou 184 gols e sofreu 114.
Dos 184 gols marcados pela equipe, 163 foram anotados pelos Los Professores,distribuídos entre eles da seguinte maneira:


Zozaya (53),
Scopelli (44),
Guaita (35),
Manuel Ferreira (16),
Lauri (15).

Ressaltando que Zozaya foi artilheiro do primeiro campeonato profissional em 1931 quando anotou 33 gols e Scopelli foi o vice-artilheiro com 31 tentos.
Todos os integrantes deste famoso quinteto integraram a seleção argentina, sendo que Scopelli e Manuel Ferreira disputaram a Copa do Mundo de 1930 e Lauri foi vice-campeão da Copa América de 1935.


Os principais jogadores desta equipe foram:


Goleiros: Scandone, Latorre Lelong e Capuano.


Defensores: Nery, Rodríguez, Viola, Raúl e Roberto Sbarra.


Volantes: Usienghi, Pérez Escalá, Riolfo.


Ataque: Lauri, Scopelli, Zozaya, Manuel Ferreira e Guaita.

Também atuaram: Comasco, Tellechea, Padrón, Appolito, Sabio, Juariste, o uruguaio Castro, Areco e Estevarena.
Em 1931 esta equipe goleou por:
7 X 0 o Chacarita,
5 X 2 o Independiente,
5 X 2 o Ferro,
5 X 1 o Argentinos,
8 X 0 o Lanús,
6 X1 o Atlanta,
8 X 0 o Ferro,
6 X 3 o Racing,
4 X1 o campeão Boca Juniors
e em 1932,
6 X 1 no seu rival Gimnasia y Esgrima.

Tal formação, entretanto, não foi campeã, sendo o primeiro exemplo de uma equipe que não necessitou de títulos para ser considerada uma das melhores do profissionalismo de seu país, devido a diferenciada habilidade e efetividade ofensiva.
O célebre ataque pincharrata se desintegrou porque Lauri, Scopelli e Guaita foram atuar na Europa, onde "El Indio" Guaita foi campeão mundial com a Itália em 1934 e Scopelli também integrou a seleção Azurra.
O número de grandes atacantes indentificados com o Estudiantes ampliaria em 1938, quando apareceu um dos maiores goleadores da história do futebol argentino, Manuel Peregrina o "El Payo", que converteu 221 gols com a camisa pincharrata, transformando-se no maior goleador da história do clube e no quarto do futebol argentino com 231 tentos, sendo10 gols marcados pelo Huracán.

"El Payo", atuou pelo Estudiantes até 1956, com uma temporada pelo Huracán em 1953.

A partir de 1942 fez uma dupla de ataque brilhante com Ricardo "el Beto" Infante, artilheiro que jogou no clube até 1969, também com uma passagem pelo Huracán entre 1953 e 1956.
Marcou 180 gols em 329 jogos, sendo o sexto maior artilheiro da história do futebol argentino.
Pelegrina se destacava por seu chute potente, Infante por sua habilidade. El Payo jogou algumas partidas pela seleção argentina, porém não muitas, pois jogou em uma época que o futebol argentino era recheado de bons ponteiros esquerdos.

Infante disputou a copa do mundo de 1958 pela Seleção Argentina.
Outro jogador de destaque desta época foi o goleiro Gabriel Mario Ogando, que atuou no Estudiantes no longo período de 1939 até 1952, sendo um dos jogadores chaves durante a década de 1940, quando o Estudiantes obteve sempre boas posições no campeonato argentino, época esta em que o campeonato nacional era muito competitivo.


Destaque para dois terceiros lugares, obtidos nos anos de 1944 e 1948, sob o comando dos ex-jogadores Alberto Viola e Alberto Zozaya respectivamente.
Os bons desempenhos nos campeonatos disputados na década de 1940 renderam ao Estudiantes:

A Copa Adrián Escobar, um torneio de carater regular disputado no final da temporada entre os 7 primeiros colocados da Primeira Divisão, e em 1945 a Copa de la República, cujas finais foram disputadas em 1946 contra o Boca Juniors, sendo que o primeiro confronto terminou 4 X 4 e o jogo de desempate disputado em 18 de dezembro terminou 1x0 para a equipe platense, com gol de Pelegrina.


Os anos 50 foram complicados, com a primeira queda à segunda divisão ocorrida em 1953. Entretanto, o Estudiantes retornou a primeira divisão no ano seguinte fazendo uma grande campanha, com 19 vitórias, 8 empates e 7 derrotas.
Esta equipe tinha novamente Manuel Pelegrina como goleador.
No início dos anos 1960, o perigo do rebaixamento esteve perto em 1963, quando a equipe deveria decidir a queda para a segunda divisão em uma partida contra o Lanús, entretanto, o time de La Plata foi beneficiado por uma "virada de mesa", que suspendeu o descenso por três anos.
O clube aproveitou o indulto para investir profundamente nas categorias de base, investimento este que propiciou o nascimento de uma esquadra juvenil quase imbatível chamados "la tercera que mata", cujos integrantes, tempos depois, integraram a gloriosa equipe campeã da américa e do mundo.

Fonte: Gustavo Lopes Machado, torcedor e destacado pesquisador sobre a história do Estudiantes de La Plata.




O famoso quinteto  "Los Professores"

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

"O Berço de Brujas & Leones"



Foto: Time de 1912











O Estudiantes de La Plata, que completou 104 anos de existência, iniciou suas atividades em 4 de agosto de 1905.
É um clube que encarnou na sua trajetória a alcunha de "time copeiro", adjetivo este respaldado por 3 Copas Libertadores de América, conquistadas de forma consecutiva, respectivamente em 1968,1969 e 1970 e confirmado este ano, com o "tetra" obtido dentro do Mineirão contra o Cruzeiro, justo no aniversário de 50 anos desta importante competição continental.
Seu nascimento foi fruto de uma dissidência do Gimnasia de La Plata, desde então seu arqui-rival.
Os fundadores eram associados do Gimnasia de La Plata e incomodados com a falta de espaço reservado ao futebol nas prioridades do clube, mais interessado em promover atividades sociais e esportes de salão.
Tomás Shendden, um egresso da English High School (berço do primeiro grande time de futebol argentino, o Alumni) comandou o movimento de fundação do Club Atlético Estudiantes, assim denominado, porque seus vinte fundadores eram estudantes. Adotou as cores da English High School – a malha listada em vermelho e branco, calções e botas pretas. Seu primeiro presidente, Miguel Gutiérrez, foi eleito em 28 de agosto do mesmo ano.

Início da rivalidade local e apelido


A maneira como o Estudiantes surgiu foi muito importante para acirrar a rivalidade entre os dois clubes de La Plata.
O Estudiantes só aceitava jovens com estudos, enquanto o Gimnasia, passou a incorporar os menos favorecidos da cidade, principalmente os oriundos de bairros operários como Berisso e Ensenada.
Fato que alimentou o nascimento de um dos maiores clássicos do futebol argentino: Estudiantes de La Plata X Gimnasia y Esgrima de La Plata.

O famoso apelido "pincha", é uma derivação de "pincharrata", apelido da torcida.
Pincharrata veio de "Pincha rata" que significa (espeta rato).
Este foi um apelido de desdem dado pelos rivais na epoca da fundação do clube, mas que acabou sendo agregado pela torcida e pelo time.

A razão deste apelido é que 20 fundadores do clube, eram estudantes de medicina veternária.

Naquela época, o futebol já despertava grande paixão na Argentina: equipes como o Lomas Athletic, Quilmes Athletic, Belgrano, Lobos, San Isidro, Porteño, Reformer, Barracas, San Martín, Nacional e Argentinos de Quilmes, se enfrentavam em sucessivos torneios organizados pela Associação Argentina de Futebol, cujo ganhador habitual era o Alumni.
Equipe do Estudiantes em 1912 Em 1906 o clube se inscreveu na Federação Argentina de Futebol, onde disputou campeonatos até 1931.
A ascensão para a Liga Maior envolveu triunfos sobre River Plate e Independiente nas divisões inferiores.
Seu primeiro título foi conseguido no ano de 1908, quando consagrou-se campeão da quarta divisão, vencendo o River Plate na partida final por 3 a 1.
Em 1911 chegou a primeira divisão derrotando o Club Atlético Independiente por 3 a 0, em uma campanha com 13 vitórias, 4 empates e apenas uma derrota, com 49 gols a favor e 14 contra.
Em 23 de novembro de 1913, o Estudiantes conquistou o seu primeiro título da primeira Divisão, obtendo uma incrível campanha com 14 vitórias em 18 partidas.
Esta conquista pemitiu ao clube, disputar a copa Rioplatense, contra o campeão uruguaio, no caso o River Plate de Montevideo.
O Estudiantes conquistou a copa, vencendo o campeão uruguaio por 4x1, entretanto analises recentes dizem que tal partida nunca ocorreu. Em 1916, 3 anos após a conquista pincha, um recuperado Gimnasia de La Plata chegaria à primeira divisão, iniciando a disputa do maior clássico da cidade.
Ao final da década de 1920, o Estudiantes apresenta uma linha atacante mítica, denominada Los Profesores: Miguel Ángel Lauri "Flecha de Oro", Alejandro Scopelli "el Conejo", Alberto Zozaya "Don Padilha", Manuel Ferreira "el Piloto Olímpico" e Enrique Guaita "el Indio".
Dois jornalistas esportivos da época, Félix Daniel Frascara e Diego Lucero, consideraram Los Professores como a primeira grande expressão da arte coletiva dentro de um campo de futebol.
Este é considerado um dos quintetos mais célebres do futebol profissional na argentina, comparável com o Independiente de 1939 (Maril, De la Mata, Erico, Sastre e Zorrilla) e com La Máquina do River (Muñoz, Moreno, Pedernera, Labruna e Loustau).
Mítica linha de atacantes Los Professores Lauri, Scopelli, Zozaya, Ferreira e Guaita Além de grandes exitos na era amadora, como no campeonato de 1930, quando levaram o Estudiantes ao vice-campeonato com 27 vitórias, 2 empates e 6 derrotas.
Com a brilhante geração dos Los Professores a equipe platense terminava de maneira brilhante a era amadora e começara a era profissional no mesmo nível.
Fonte: Gustavo Lopes Machado, torcedor e destacado pesquisador da História do Estudiantes de La Plata.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Verón consagra o box-to-box na América do Sul


Por Eduardo Cecconi

Blog "Preleção" - Site http://www.clicrbs.com.br , quinta-feira, 16 de julho de 2009.

Somos todos resistentes a anglicanismos linguísticos, mas no futebol é inevitável recorrer a termos que ao mesmo tempo vêm do país onde nasceu este esporte, e também descrevem uma tática individual que lá surgiu e se consagrou.

Ontem, e durante toda a Copa Libertadores, assistimos ao regente Verón conduzir uma orquestra de funções e posicionamentos que o caracterizam como um legítimo box-to-box.
Já debatemos aqui no blog Preleção
o 4-4-2 do Estudiantes, campeão da Copa Libertadores com apenas um volante ( ver fotos no post "Título", anterior a este ).

É bom repetir à exaustão, para ver se os críticos da "faceirice" (sic) e defensores da tese da segurança defensiva diretamente proporcional ao número de volantes, talvez escutem:


Estudiantes campeão com um volante. Fora de casa. De virada.


O volante do Estudiantes é Braña.

A equipe de Sabella joga em um 4-4-2 quase-alinhado, com dois meias-extremos pelos lados (Pérez na direita, Benítez na esquerda), um volante centralizado, mais à direita, cobrindo ambos lados, e um box-to-box: Verón.

Sabella e Verón, que já havia desempenhado esta função no Manchester United, mostraram à América do Sul o que é um box-to-box, qual seu posicionamento, que funções desempenha, como se comporta com e sem a bola.

Uma aula prática de teoria tática.
Segundo definição de literatura inglesa especializada, o box-to-box é "o mais dinâmico e completo meio-campista, que trabalha tanto na defesa quanto no ataque. (...) É o mais versátil dos jogadores, que possui grande vigor físico para marcar, passar, chutar, e manter a posse de bola".

Há uma descrição mais perfeita do que esta para traduzir o desempenho de Verón nesta Copa Libertadores? Não há.


No diagrama tático que ilustra o post, simulo o campo de trabalho de Verón.


Em inglês, área é "box". Portanto, o box-to-box é o jogador que atua entre as duas áreas. Marca sem a bola, à frente dos zagueiros, e apoia os meias ofensivos e os atacantes, com a posse. Além disso, organiza e distribui o jogo partindo de trás, com visão periférica do todo, acompanhando a movimentação dos companheiros de frente.


Ontem, o primeiro gol do Estudiantes nasceu com o carimbo do box-to-box. Verón estava no campo de defesa, marcando, recebeu do jogador que fez o desarme, e do centro-esquerda inverteu a jogada para a extrema direita, em longo e preciso lançamento que encontrou Cellay livre.

E aí se produz um efeito em cadeia, pegando o setor desguarnecido, em sucessão de coberturas mal-sucedidas e abandonos de posição que deixou Gastón Fernández livre.


Sei que Verón está com 34 anos, e sem exatamente o vigor que esta tática individual exige. Mas ele compensa com muita disciplina e posicionamento primoroso. Verón não corre sem direção. Movimenta-se exclusivamente no espaço que delimita sua função.

De área a área, do centro para a esquerda. Recebe, levanta a cabeça, e lança. É a bola quem corre. Feito o passe, avança para pegar a segunda bola e se oferecer à reorganização caso seja necessário um recuo de segurança. E perdida a posse, retorna à marcação à frente dos zagueiros e do volante.
Verón deu aula. E ergueu a copa com justiça, mérito, e brilho. La Brujita fez mágica. Um dos melhores meio-campistas "box-to-box" dessa geração.

O TÍTULO

















A “mística evocou”,Verón, ‘Ruso’, Andujar,Boselli,Braña,Sabella...

Uma equipe que passou por um nítido revés ainda em tempo de reunir o equilíbrio necessário para conquistar o título de forma incontestável.
A chegada de Alejandro Sabella ao comando do time foi fundamental para que a partir de então, os valores técnicos responsáveis por fazer andar a tática dentro das 4 linhas, pudessem ser melhor aproveitados.
Da vice lanterna no Clausura sob o comando de Astrada, o Estudiantes chegou a sexta colocação ao final da competição nacional, sob a batuta de Sabella.
O sistema defensivo foi quase perfeito nesta Libertadores, pois o time não levou um gol sequer em toda a competição, jogando em La Plata.
A chegada do experiente zagueiro Schiavi nas semi-finais, deu ainda uma nova e ótima opção de bola parada em faltas e escanteios contra os 2 últimos adversários, Nacional do Uruguai e Cruzeiro, respectivamente.
Braña como primeiro e único volante de contenção (ver fotos que abrem este post, sobre o esquema tático de Sabella ),foi um autêntico “Leão de La Plata” a frente da zaga e na cobertura das laterais, liberando mais o futebol genial do maestro “La Brujita” Verón, para que este pudesse cadenciar as partidas ao seu feitio.
Enzo Perez um meia que cresceu muito na competição, funcionando como ótima opção diante de situações adversas de jogo, vividas pelo capitão Verón e quedas de rendimento de Leandro Benitez, como por exemplo, no primeiro jogo das finais contra o Cruzeiro.Principalmente no primeiro tempo, o camisa 8 Perez foi depois de ‘La Brujita’ , o destaque do jogo.
Na frente os deslocamentos e metidas de bola do ágil e habilidoso Gaston Fernandes, encontraram em ótimo momento o jogador que confirmou o equilíbrio citado anteriormente. Mauro Boselli foi quase impecável diante das claras opções de gol que teve aos seus pés.
Artilheiro da competição com gols decisivos.
2 gols contra o Nacional do Uruguai na semi-final em pleno Centenário e o gol mais valioso de toda a Libertadores, ou seja, o gol da virada diante do Cruzeiro no Mineirão.
Mariano Andújar, atingiu 800 minutos sem ser vazado nesta Libertadores, traduzidos em oito jogos inteiros de invencibilidade.


O Estudiantes,chegou à decisão, tendo sofrido apenas sete gols em 14 partidas. Já o Cruzeiro, levou dez gols em 12 jogos.


Assim como na goleada sofrida pelo Cruzeiro para o Estudiantes na primeira fase, quando perdeu em La Plata por 4 X 0, a equipe mineira apresentou os mesmos pontos fracos durante os 2 jogos das finais.
O setor esquerdo da defesa do Cruzeiro foi o caminho para a virada de placar e conquista do título do Estudiantes dentro do Mineirão.
Por ali sairão as jogadas do primeiro gol após passe preciso de Verón para entrada livre de Cellay pelo setor do Gerson Magrão e a jogada que originou no escanteio em que novamente o capitão Verón teve participação decisiva ao cruzar na medida para o cabeceio certeiro do artilheiro Boselli.
Atuações apagadas de jogadores como Gerson Magrão, Wagner, Ramires e Wellington Paulista em contraste com um Verón fantástico tanto em ajudar ao anular o Ramires como também na armação e orientação de sua equipe.
Título inconstestável!

Ficha técnica do jogo final da Libertadores 2009, que deu o título ao Estudiantes de La Plata, em pleno estádio do Mineirão, no Brasil:


CRUZEIRO 1X2 ESTUDIANTES
Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)

Data: 15 de julho de 2009, quarta-feira

Horário: 21h50 (em Brasília)

Árbitro: Carlos Chandía (CHI)Assistentes: Patricio Basualdo (CHI) e Francisco Mondría (CHI)Cartões amarelos: Kléber (CRU); Verón, Cellay (EST)

Gols: Henrique (1-0), aos 6'/2ºT; Fernández (1-1), aos 11'/2ºT; Boselli (1-2), aos 28'/2ºT)


CRUZEIRO: Fábio, Jonathan, Leonardo Silva, Thiago Heleno e Gerson Magrão; Henrique, Marquinhos Paraná, Ramires e Wagner (Athirson, 26'/ºT); Wellington Paulista (Thiago Ribeiro, 29'/2ºT/) e KléberTécnico: Adilson Batista


ESTUDIANTES: Andujár, Cellay, Schiavi, Desábato e Re; Braña (Sánchez, 41'/2ºT), Verón, Pérez e Benítez (Díaz, 34'/2ºT); Gastón Fernández (Calderón, 44'/2ºT) e Boselli Técnico: Alejandro Sabella

A história dos gols: Aos 6 minutos do segundo tempo, Henrique volante do Cruzeiro, chutou da intermediária, a bola desviou em Desábato e impediu a defesa do goleiro Andújar.
O empate do Estudiantes se deu aos 11 minutos da segunda etapa, após grande jogada de Verón que lançou Cellay livre na ponta direita. O lateral cruzou e encontrou Fernández sozinho na área: 1 a 1.
O gol do título se deu aos 28 do segundo tempo.
Verón cobrou escanteio na medida para a cabeçada do artilheiro Mauro Boselli, que definiu a decisão: 2 a 1 para o Estudiantes.


“O dinheiro acaba, a fama passa, mas a glória fica para sempre”
( Branã )

“Aqui já acreditavam que eram campeões, armaram bandeiras, já festejavam. E agora vão ter que guardar estas bandeiras. Mostramos que somos os melhores”.
( Boselli )



“Estamos muito felizes pela conquista. Mostramos coração, coragem e humildade, mesmo com todos dizendo que seria muito difícil vencer o Cruzeiro, no Mineirão. Tenho certeza de que o povo argentino está orgulhoso”
( Gastón Fernandes )


“Estou muito feliz porque este grupo fez o time voltar a história do futebol argentino. Escrevemos uma nova página de glória que sempre teve uma relação muito especial com esta Copa Libertadores”
(Juan Sebastian Verón )


Fonte das fotos: Blog "Preleção" - site: http://www.clicrbs.com.br - Por Eduardo Cecconi )