O ano era 1981, e Alejandro Sabella jogava pelo Leeds United da Inglaterra. Em dezembro, ele recebeu a visita de Carlos Bilardo, na época treinador do Estudiantes, que lhe convidou para retornar à Argentina e vestir a camisa do clube de La Plata. Sabella sonhava em voltar ao River Plate, equipe onde começara a carreira, mas aceitou a proposta de Bilardo.
Mal sabia ele que o sucesso lhe aguardava dentro e fora das quatro linhas. Em 2009, 28 anos depois, Sabella conduziria o Estudiantes ao seu quarto título da Copa Libertadores da América.
Uma canhota magnífica
Alejandro Javier Sabella nasceu em Buenos Aires no dia 5 de novembro de 1954. Frequentou todas as categorias de base do River Plate, clube no qual fez a sua estreia como profissional com 20 anos de idade. Tinha estatura baixa (1,62 metro) e era criticado por ser lento. Entretanto, ele respondia às críticas com uma canhota sensacional: transformava o difícil em fácil, fintava o adversário e sempre deixava os companheiros em posição de vantagem.
O seu único karma foi ser contemporâneo de Norberto Alonso, um dos grandes ídolos do River Plate. Mesmo ganhando três títulos com o clube (os metropolitanos de 1975 e 1977 e o nacional de 1975), Sabella jamais se fixou como titular. No cenário continental, chegou a jogar a final da Libertadores de 1977, mas o título acabou ficando com o Cruzeiro. Em 1978, quando surgiu a oportunidade de ir para o Sheffield United da Inglaterra, não titubeou.
Ele teve dificuldades de adaptação no futebol inglês e alternou bons e maus momentos com muito sacrifício. Bilardo, que estava de olho fazia tempo, sabia que a situação de Sabella não era cômoda e foi ao Reino Unido para lhe repatriar. "O clube não tinha dinheiro, mas juntei uns dólares e fui viajar", relembra Bilardo. "Convenci os dirigentes das vantagens de trazê-lo e, para retornar, tive de pedir dinheiro a ele."
Curiosidade
O clube Inglês Sheffield United havia tentado contratar na época o ainda jovem Diego Maradona do Argentinos Juniors, mas o clube argentino não aceitou a oferta de £ 180.000. Então, os ingleses investiram no futebol de Sabella, e "Alex Sabella", como era chamado por lá, assinou-o por £ 160.000 em 19 de julho de 1978. Sabella fez sua estréia contra o Leyton Orient, em 19 de agosto de 1978.
Uma equipe de luxo
O jogador fez parte de um meio-campo inesquecível, ao lado de Marcelo Trobbiani, José Daniel Ponce e Miguel Ángel Russo. Os resultados não tardaram com os títulos do metropolitano de 1982 e do nacional de 1983. Só lhe faltou vencer a Libertadores. A conquista esteve perto em 1983, mas o Estudiantes ficou em segundo no triangular da fase semifinal, atrás do Grêmio, que viria a ser campeão. A partida-chave foi justamente contra a equipe gaúcha em La Plata: o time da casa teve uma atuação heroica e, mesmo com quatro jogadores expulsos (entre eles Sabella), conseguiu empatar um jogo que perdia por 3 a 1, mas a igualdade não foi suficiente para avançar na competição.
Paradoxalmente, Sabella foi contratado pelo Grêmio em 1985, mas voltou ao Estudiantes dois anos depois. Mesmo se transferindo para o Ferro Carril Oeste, onde encerrou a carreira em 1988, jamais se desligou do Estudiantes. Até continuou vivendo em La Plata.
A jaqueta marrom
Após pendurar as chuteiras, Sabella começou a trajetória fora das quatro linhas como auxiliar de Daniel Passarella, com quem esteve no River Plate (1990-94), na seleção argentina (1994-98), na seleção uruguaia (2000-01), no Parma da Itália (2001), no Monterrey do México (2002-04), no Corinthians (2005) e pela segunda vez no River (2006-07).
Em 2007, Sabella decidiu deixar a função de auxiliar para começar a carreira solo e ficou aguardando uma oportunidade. Ela chegou em março de 2009, quando o Estudiantes (cujas partidas ele assistia frequentemente) lhe chamou para substituir Leonardo Astrada. A equipe havia tido um começo ruim no Campeonato Argentino, e o futuro na Libertadores corria riscos. Pela sua falta de experiência à beira do gramado, muitos perguntavam se Sabella teria condições de assumir o posto.
A estreia foi contra o Deportivo Quito em La Plata, no dia 19 de março. Desde aquele 4 a 0, o Estudiantes não perdeu mais na Libertadores: em dez partidas, venceu sete (três como visitante) e empatou três, com 14 gols a favor e apenas dois contra. No Campeonato Argentino, o técnico pegou a equipe em penúltimo e a deixou em sexto.
Há uma história que lhe define bem. No dia da sua estreia, Sabella vestiu uma jaqueta marrom e passou a usá-la em todas as partidas que dirigiu. "O Bilardo disse que se fôssemos campeões eu deveria dar a minha jaqueta a ele. E eu a dei. Se tem alguém a quem devo agradecer é o Bilardo, que me fez conhecer o Estudiantes. Mas ele vai precisar me devolver a jaqueta para o Mundial de Clubes."
A humildade é a sua bandeira. "Todo o mérito é dos jogadores. Devemos erguer um monumento a eles. Eu só os ajudei a chegarem até a final e lhes disse para irem com vontade, pois não podia mais entrar em campo." Sobre o fato de o seu nome ter entrado para a história do futebol, Sabella foi filosófico. "O Olimpo é a casa dos deuses, e podemos ter certeza de que todos chegamos ao Olimpo com o Estudiantes."
Pesquisa do Diário platense,"El Dia" :
Você acha que a seleção, sob a liderança de Maradona, será capaz de disputar o título na Copa da África do Sul?
Sim (16,24%)
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Portanto, ainda há tempo!
A Seleção Argentina merece Alejandro Javier Sabella, já!!
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