quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Estudiantes 3x3 Grêmio,  em 1983 “Batalha”?  Só no discurso cínico gremista ou no pachequismo canalha da imprensa brasileira


Por Renato Zanata Arnos (em 09/02/2010)







Estudiantes de La Plata 3 × 3 Grêmio

Copa Libertadores da América, edição de 1983

Fase Semifinal, em 08 de julho, na Argentina. 

Ficha técnica da peleja:

 Estudiantes: Carlos Héctor Bertero; Julián Camino , Miguel Angel Gette(Hugo Tévez)  Rubén Aguero e Claudio Oscar Gugnali, Miguel Angel Russo, Alejandro Javier Sabella, José Daniel Ponce e Marcelo Antônio Trobbiani; Guillermo José Trama e Sergio Esteban Gurrieri. 

Técnico: Eduardo Luján Manera 

PS: O Estudiantes estampava nas costas da camisa, acima do número, o nome do diário platense “El Dia”.

Grêmio: Mazaropi, Paulo Roberto Costa, Leandro, Hugo De Leon e Casemiro; China, Osvaldo e Tita; Renato Portaluppi, Caio (César) e Tarciso (Tonho). (Reservas: Beto, Newmar, Róbson, Tonho e César). 

Técnico: Valdir Espinosa.

Árbitro: Luis de La Rosa (Uruguai)

Auxiliares: Ramón Barreto e Artemio Sanchez (Uruguai)

Estádio: Jorge Luis Hirschi, La Plata, Argentina.

 Expulsões: Ponce e Trobbiani (QUE HAVIA LEVADO CARTÃO AMARELO ANTES DA PARTIDA COMEÇAR), aos 33’ do 1º tempo; Camino, 24’ e Tevez, aos 30’ do 2º tempo – TODOS, jogadores do Estudiantes de La Plata.

      Gols: Primeira etapa – Gurrieri para o Estudiantes, aos 39’ e, Osvaldo para o Grêmio, aos 45’. 

Segunda etapa – César, aos 8’ e Renato Gaúcho, aos 18’, alteraram o placar para 3x1, escore favorável ao time brasileiro.

 Para o quadro pincharrata, que terminou a partida com APENAS 6 (SEIS) JOGADORES DE LINHA (goleiro – 2-2-2), marcaram: Gurrieri, aos 31min e Miguel Ángel Russo, aos 42 minutos da etapa final.

Que Estudiantes era aquele?

Um excelente Estudiantes LP que, no início da década de 80, conquistou o campeonato metropolitano de 1982 e o campeonato nacional em 1983.

Carlos Salvador Bilardo, ex-jogador de gloriosas glórias no clube, assumiu o time como treinador e, conquistou, em 14 de fevereiro de 1982, o título metropolitano, numa campanha de 21 vitórias, 12 empates e apenas 3 derrotas. O Estudiantes de Bilardo obteve 54 pontos dos 72 em jogo, com 50 gols a favor e 18 contra.  

Em 10 de junho de 1983, portanto, menos de um mês antes do confronto com o Grêmio em La Plata, na histórica partida válida pela semifinal da Libertadores daquele mesmo, o Estudiantes sagrou-se campeão Nacional em duas partidas contra o Independiente de Avellaneda.

E, como Bilardo havia deixado o clube Pincha para assumir a seleção argentina que, dali três anos, em 1986, iria conquistar o bi mundial na Copa do México, o treinador do Estudiantes na conquista nacional de 83 e na Libertadores daquele mesmo ano, foi o também glorioso ex-jogador do lendário Oswaldo Zubeldia, Eduardo Luján Manera.


Observação: Assisti o jogo através da TV argentina local, canal 13.

O canal 13 transmitiu a peleja para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Comentou a partida para o canal 13, ele, Carlos Salvador Bilardo.



A partida no primeiro tempo


Aos 3 minutos de jogo, o Estudiantes realizou duas jogadas pela esquerda de seu ataque, em boa troca de passes entre Ponce, Sabella, Trobbiani, ambas terminando no lateral esquerdo Gugnali, que foi parado com duas faltas seguidas pelos jogadores do Grêmio.


Salientado pelo locutor argentino sobre os treinamentos durante a semana realizados pelo time Pincha, realmente o que se viu, não apenas neste momento da pelja, mas também, em outros lances próximos a área do Grêmio, foi o perigo que levavam as bolas paradas que saiam dos pés do canhoto e habilidoso camisa 7 do Estudiantes, Ponce.

 (que seria injustamente expulso pelo árbitro uruguaio)


Em um lance antes dos 5 minutos de partida, Ponce colocou a bola na cabeça do atacante Gurrieri que perdeu boa oportunidade para a equipe de La Plata.

Ponce executou com qualidade os lances de bola parada a favor do Estudiantes, tanto em faltas laterais na intermediária do Grêmio quanto em falta no bico da meia lua do tricolor gaúcho.


Aos 10 minutos de jogo, Mazzaropi, goleiro do Grêmio, levou cartão amarelo por fazer cera, retardando um tiro de meta logo depois do Grêmio levar um sufoco Pincha. Primeiro, em ótimo chute de Ponce de fora da área, arremate que obrigou Mazaropi a fazer bela defesa, espalmando a bola para escanteio.

Escanteio, cobrado e o camisa 8 Pincha, Marcelo Trobianni, perdeu grande chance na entrada da pequena área pelo lado esquerdo do ataque do Estudiantes.

Ótima jogada entre Ponce e Trobbiani, culminou em falta marcada na meia lua da grande área do Grêmio. Ponce cobrou com categoria de perna esquerda e Mazzaropi novamente fez boa defesa.


Em outra jogada pelo lado esquerdo do ataque Pincha, Ponce, bateu um tiro livre procurando o passe curto para Sabella, tabelou com o camisa 10 pincha e cruzou para o camisa 9, Trama , que perdeu ótima chance na pequena área.


Carlos Bilardo que pouco falou em seus poucos comentários na primeira etapa, resumiu o jogo dizendo que o Grêmio estava jogando toda atrás como era de se esperar.


Até os 33 minutos do primeiro tempo, ou seja, antes do Estudiantes perder 2 jogadores expulsos, o que assisti da partida foi uma equipe argentina demonstrando ótima qualidade em seu meio-campo, principalmente com a trinca, Ponce, Sabella e Trobbiani, buscando principalmente o lado esquerdo do seu ataque, aproveitando da boa presença ofensiva do lateral esquerdo Gugnali.


O Estudiantes de Manera” no primeiro tempo da partida, apresentou o esquema 4-4-2 com momentos de 4-3- Trobbiani – 2.

 

Ponce , Sabella e Trobbiani usaram muito o centro do campo e a intermediária do Grêmio para triangulações, tabelas e,  principalmente o Sabella, se movimentava muito por ali, chegando até a fazer jogadas com o lateral Camino pelo lado direito pincha.

 

Se é que podemos comparar, mas o “Ponce era o Verón daquele time”, só  que usando muito a sua canhota habilidosa. Trobbiani fazendo bastante tabelas no meio-campo com Sabella, e Ponce, e ainda, se aproximando dos atacantes Gurrieri e Trama.

 

Na frente, o camisa 15 Gurrieri se movimentava mais do que seu companheiro de ataque, o camisa 9 Trama. Trama atuou mais pelo lado direito do ataque pincha.


As expulsões de Trobbiani e Ponce, aos 33 minutos do Primeiro Tempo (SE JÁ NÃO BASTASSE o fato de serem dois homens de meia cancha, eram homens importantíssimos no sistema de jogo do Estudiantes LP)


Após falta de Tita em Sabella, no meio-campo, Miguel Angel Russo, o camisa 6 do Estudiantes, bateu rápido a infração para o camisa 8 Trobbiani que em boa jogada envolveu 3 jogadores do Grêmio na intermediária do time gaúcho e ao ser derrubado, com falta prontamente assinalada pelo árbitro uruguaio Luis de La Rosa, mesmo caído parece ter chutado o jogador brasileiro que o havia derrubado.


O juiz expulsou Trobbiani na mesma hora da infração cometida pelo argentino, pois o jogador já havia levado cartão amarelo antes do início da partida, segundo o próprio locutor do canal 13 fez questão de enfatizar.


Logo após a expulsão de Trobbiani, vários jogadores do Estudiantes cercaram o árbitro e, pelo menos 2 integrantes da comissão técnica Pincha entraram em campo para afastar seus jogadores e impedir que mais jogadores fossem expulsos.


Trobbiani, que já havia sido expulso, permaneceu no gramado e, ao se dirigir ao árbitro para reclamar de uma possível agressão de Casemiro em Gugnali, que estava caído no gramado, deu um pequeno empurrão nas costas do árbitro Luis de La Rosa, que ao se virar para conferir quem lhe havia agredido, só percebeu mais próximo dele, naquele exato momento, o camisa 7, Ponce.


Pelas imagens, Ponce foi expulso injustamente. Um novo destempero de seu companheiro de equipe, Marcelo Trobbiani, prejudicou ainda mais a equipe do Estudiantes, que a partir daquele momento jogou o restante do primeiro tempo com apenas 9 jogadores em campo e o que é pior: sem contar com 2 importantes articuladores de jogadas da equipe treinada por Manera. 


Mística Pincharrata?


Após as duas expulsões e saída de campo da polícia militar, o jogo foi reiniciado aos 39 minutos (7 minutos de paralisação) com cobrança de falta para o Estudiantes, na jogada em que Trobbiani foi derrubado pela defesa do Grêmio e gerou toda a confusão acima relatada.


Com a expulsão do meia Ponce, Alejandro Sabella ficou encarregado dos lances de bola parada. E, foi ele quem cobrou a falta, de canhota, lançando dentro da área uma bola desviada por De Leon, que o camisa 15 Gurrieri aproveitou a sobra, na pequena área, e marcou o primeiro gol pincharrata na partida.


O segundo tempo


No começo do segundo tempo,  com 9 jogadores em campo, vi o Estudiantes adiantar a marcação e formar inicialmente um 4-3-1, pois o atacante Gurrieri passou a jogar mais recuado fechando o meio-campo com Sabella e Russo. Já o número 9, Trama, se posicionou da intermediária do Grêmio para frente.

 

Sabella e Gurrieri foram os grandes nomes da segunda etapa.

Com a ausência de Ponce, coube a Alejandro Sabella, armar as jogadas do Estudiantes, além de colaborar na marcação na intermediária pincha e chegar ao ataque, principalmente pelas laterais do campo, com uma habilidade que lhe "rendeu" inúmeras faltas sofridas no campo de ataque Pincha.


Jogadores como Hugo de Leon, Casemiro, Renato Gaúcho e Tarciso, se revezavam nas faltas sobre Sabella, durante a segunda etapa.


 Outro importante destaque deste jogo histórico foi o atacante Gurrieri, que no segundo tempo, passou a voltar ao meio-campo para auxiliar os companheiros Sabella e Russo e, também, foi responsável por boas jogadas individuais em projeção, através da habilidade e dribles nos defensores do time gaúcho. Além de ter feito dois gols pincha na partida, participou do lance que originou o gol de empate do Estudiantes, marcado por Miguel Angel Russo, aos 42 minutos da etapa final.


Já o Grêmio, mesmo em vantagem numérica, primeiro com 2 jogadores a mais e mesmo depois, da metade do jogo em diante, com 4 jogadores de vantagem sobre o Estudiantes, manteve-se sem maiores pretensões ofensivas, pois seguiu explorando os contra ataques como no primeiro tempo.


A alteração do técnico Valdir Espinosa no meio do segundo tempo, colocando Tonho no lugar de Tarciso, foi exemplo claro desta postura no mínimo cautelosa, citada acima.


Paulo Roberto, apagado ofensivamente na primeira etapa, apareceu mais na frente, já que nos primeiros 45 minutos sua preocupação maior foram as jogadas laterais do camisa 16 pincha Gugnali, em tabelas com Ponce e Sabella.

 

AGORA, VAMOS LÁ:


Atos de intimidação e anti-jogo por parte do Estudiantes na partida? Mentira! 


Como já mencionei, assisti o jogo através da gravação original do canal 13, TV argentina, emissora situada em Buenos Aires. Vale ressaltar que o canal 13 condenou todos os destemperos de Trobbiani e até chamaram a atenção para o nervosismo fora do ‘normal’ do goleiro Pincha, Bertero. Bertero foi um dos jogadores do Estudiantes que mais interpelou o árbitro Luis de La Rosa, após as expulsões de Trobbiani e Ponce.


Durante a confusão gerada pelas expulsões na primeira etapa, membros da comissão técnica Pincha foram identificados pelo locutor do canal 13, como responsáveis por entrar no gramado para conter a insatisfação de seus jogadores, evitando que o árbitro uruguaio expulsasse mais algum jogador do técnico Manera.


Pergunto:


1º - Um árbitro que expulsou sem pestanejar dois jogadores do time da casa, ainda no primeiro tempo, tendo inclusive punido um deles com cartão amarelo antes mesmo da bola rolar, parecia um árbitro intimidado ou que estivesse sofrendo ameaças de morte, por parte de jogadores, dirigentes e/ou torcedores do Estudiantes?

O gremista Tita encarou, na frente do árbitro, o camisa 6 do Estudiantes, Miguel Angel Russo, com a mesma marra que sempre lhe era característica e nem advertência recebeu.


No primeiro gol do Grêmio, aos 45 minutos da primeira etapa, o lateral Gugneli foi argumentar impedimento com o bandeira e este o encarou com rigor, sem recuar!

Arbitragem coagida?

Não mesmo!


2º - Nas expulsões de Ponce e Trobbiani, o camisa 10 do Estudiantes, Alejandro Sabella foi um dos que mais argumentou com o árbitro sobre a punição aplicada a dois de seus companheiros de time.

Se este mesmo Sabella tivesse alimentado ou ao menos sido conivente com provocações, ameaças e pressão descabida contra alguém do Grêmio, teria sido contratado pela diretoria gremista para atuar com vários daqueles jogadores do time gaúcho como Mazaropi e China, em 1985?


3º - Se os jogadores e dirigentes do Grêmio chegaram a ver o empate como uma maneira de terem suas vidas preservadas (absurdo!) porque o treinador do time gaúcho reforçou seu meio-campo, substituindo Tarciso por Tonho, quando o time do Estudiantes estava inferiorizado no placar e na quantidade de jogadores em campo? 


O que eu, RENATO ZANATA ARNOS, vi pela TV, foi um time do Estudiantes muito mais “pilhado” do que intimidador, vide exemplo do camisa 8 Marcelo Trobbiani, que foi justamente expulso e ainda prejudicou o time em dobro, porque depois de expulso, ainda empurrou o árbitro, provocando um equívoco deste, que injustamente expulsou o camisa 7 Ponce.



Então, meus caros, na fantasiosa "Batalha de La Plata" (ótima “saída” para um time que toma um empate contra apenas 6 adversários de linha, num jogo que vencia por dois gols de diferença, não?), o Estudiantes foi para o intervalo com dois expulsos e empatando em 1x1. Levou mais dois gols e teve ainda outros dois atletas expulsos no início do segundo tempo, Grêmio 3x1. Quando ninguém mais esperava uma reação dos argentinos, o Estudiantes teve muita raça e arrancou um inacreditável empate em 3x3.

  


Dentre as mentiras deslavadas, um escárnio com assinatura do site TRIVELA:


“A cena mais grotesca da violência aconteceu na saída para o intervalo. Quando seus companheiros já estavam no vestiário, com a porta cerrada pelo segurança tricolor, o atacante Caio foi encurralado por três adversários nos corredores e acabou agredido sem piedade. Sofreu uma fratura na tíbia, sem sequer voltar para a etapa final. “Foi incrível. Algo que eu jamais poderia imaginar que fosse acontecer, apesar do clima de guerra que havia lá. Levei um chute tão forte no tornozelo que não pude voltar para o jogo e não está dando nem para caminhar direito. Dói muito. Não dá pra aceitar um túnel apenas para os dois times e também para o árbitro. É incrível isso”, declarou o jogador após a partida, antes de ter o diagnóstico completo da lesão”.


VAMOS LÁ (2ª parte):


Estudiantes LP 3x3 Grêmio (“Batalha de La Plata): 08 de julho de 1983

Fratura de tíbia, né?


“O tempo médio de consolidação dessas fraturas varia entre 8 a 12 semanas”

“De 2 a 4 semanas: já pode começar a apoiar com muletas ou andador, de forma parcial. De 6 a 8 semanas em diante: transição gradual até conseguir pisar sem muletas. Geralmente, o tratamento é com gesso ou bota ortopédica”.


ENTRETANTO, APENAS DUAS SEMANAS DEPOIS, ....

Milagre de um “Mosqueteiro Beato”??


Peñarol 1x1 Grêmio (com CAIO em campo, TITULAR), partida de ida, final da competição: 22 de julho de 1983.


Grêmio 2x1 Peñarol (CAIO, TITULAR E AUTOR DE GOL), partida decisiva, vitória que deu o título ao tricolor gaúcho: 28 de julho de 1983 (aniversário do meu saudoso pai, DAYVSON BATISTA ARNOS)


OBSERVAÇÃO:

Fiz contato com o saudoso ponteiro Tarciso, mas ele desconversou e fugiu pela tangente, preferindo não responder o “nome do santo” que fez o seu companheiro estar apto para as finais daquela Libertadores de 1983.